Esteroides anabolizantes são derivações sintéticas do hormônio testosterona. Há poucos dados sobre o uso de esteroides anabolizantes em adolescentes, bem como, os efeitos a longo prazo dessa prática. No entanto, sabe-se que o objetivo de quem os usa é se beneficiar de dois de seus principais efeitos:
• androgênicos – manter ou aumentar as características físicas masculinas;
• anabólicos – promover o crescimento celular, principalmente os músculos.
O uso está normalmente associado à busca por melhores resultados na prática esportiva ou em se obter um “corpo perfeito”. Alguns dados americanos:
• 2,9 a 4,0 milhões de americanos já usaram anabolizante;
• 98% são do sexo masculino;
• 1/3 apresentou dependência e continuarão com o uso, independente dos efeitos adversos;
• >80% não utilizaram para finalidade competitiva.
Entre a população adolescente norte-americana, estima-se que cerca de 4,9% dos meninos e 2,4% das meninas usaram esteroides anabolizantes pelo menos uma vez. No Brasil, um estudo mostrou que a prevalência variou entre 2,1% a 31,6% dependendo da região analisada.
Efeitos adversos associados aos esteroides anabolizantes:
• homens: aumento das mamas, atrofia testicular, infertilidade;
• mulheres: aumento do clitóris, alteração do ciclo menstrual e até suspensão do ciclo, aumento de pelos, diminuição de cabelo, mudança no timbre da voz;
• acne, seborreia, estrias;
• cálculo renal e perda de proteína pela urina;
• aumento do colesterol, hipertensão arterial, aterosclerose, aumento das paredes do coração, arritmia, infarto e acidente vascular cerebral;
• tumores no fígado;
• lesões articulares e nos tendões;
• distúrbios do humor, agressividade, surtos esquizofrênicos, ideação suicida, depressão, paranoia, entre outros.
É importante deixar claro que existem algumas doenças que há indicação na prescrição de hormônios. No entanto, existem profissionais da área da saúde que advogam pela prescrição dos esteroides anabolizantes com a única finalidade de ganho de força e aumento de performance. Não existem estudos controlados, randomizados e duplo cego (padrão ouro em pesquisa científica) para provarmos cientificamente como o uso indevido dessas medicações são prejudiciais à saúde. A razão é porque já se sabe dos efeitos adversos associados ao uso, e portanto não é ético colocar pessoas em risco para efetuar estudo sobre o tema.
Os responsáveis pelos adolescentes precisam ficar atentos com as mudanças de comportamento, aumento repentino de massa muscular, aparecimento de pelos e mudança na voz das meninas e procurarem o médico para avaliação clínica e laboratorial.
Precisamos urgentemente refletir sobre o padrão de beleza imposto aos adolescentes e adultos jovens que faz com eles não tenham nenhum medo de correr todos esses riscos para atingi-lo.
Dra. Ana Lucia de Sá Pinto
Pediatra e Médica do Exercício e Esporte da Clínica Move
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria