Redução do uso de telas melhora a saúde mental de crianças e adolescentes

Os pesquisadores analisaram dados de 89 famílias com 181 crianças e adolescentes, residentes em 10 municípios da região sul da Dinamarca. O estudo revelou que a redução no uso de telas durante o lazer pode ter um impacto positivo na saúde mental de crianças e adolescentes.

Foi feita uma intervenção de duas semanas em que os participantes reduziram o uso de mídias digitais para menos de três horas por semana. Durante esse período, os dispositivos como smartphones e tablets foram entregues aos responsáveis para garantir a adesão à intervenção.

Os resultados mostraram uma melhora significativa nas dificuldades comportamentais gerais das crianças e adolescentes do grupo de intervenção. As melhorias mais notáveis foram observadas na redução de problemas emocionais e dificuldades com colegas, além do aumento nas interações sociais positivas.

Esses achados sugerem que a redução no uso de telas pode ser uma estratégia eficaz para melhorar a saúde mental de jovens.

Esse resultado positivo corrobora a ideia atual do beneficio que as crianças e adolescentes teriam com a redução do tempo tela.

Importante ressaltar que essa é uma medida barata e que pode ser implementada imediatamente tanto pelos pais diminuindo o tempo de tela em casa, como as escolas proibindo os smartphones nas escolas.

Dra. Ana Lucia de Sá Pinto
CRM:57.296
Pediatra e Médica do exercício e Esporte da Clínica Move
Sociedade Brasileira de Pediatria

Fonte: JAMA Network Open. DOI: 10.1001/jamanetworkopen.2024.19881.

Capsulite Adesiva (ombro congelado)

A capsulite adesiva é caracterizada pela inflamação e contratura da cápsula articular do ombro, resultando em dor e significativa perda de mobilidade articular.

É uma condição autolimitada, geralmente dividida em três fases: fase dolorosa, fase de rigidez, e fase de recuperação.

Os pacientes inicialmente relatam dor difusa no ombro, que tende a piorar à noite e com movimentos específicos. Com o tempo, ocorre uma perda da amplitude articular (ombro congelado), especialmente em abdução e rotação externa. A duração de cada fase pode variar, mas o curso completo da doença geralmente se estende de 1 a 3 anos.

O diagnóstico é clínico, baseado na história do paciente e exame físico, que demonstra limitação ativa e passiva dos movimentos do ombro. Exames de imagem, como ressonância magnética ou ultrassonografia, podem auxiliar no diagnóstico e afastam outras patologias do ombro que também cursam com dor.

O manejo da capsulite adesiva foca na redução da dor e na restauração da mobilidade.
As abordagens terapêuticas incluem fisioterapia (que tem um papel fundamental), medicamentos (para controle da dor), injeções intra-articulares de corticoides guiadas por US, bloqueio do nervo supra-escapular e, em casos refratários, a manipulação sob anestesia ou liberação capsular artroscópica.

A tendência atual é focar no tratamento multimodal, com a combinação de terapias conservadoras e intervenções mais invasivas em casos resistentes ao tratamento conservador. O prognóstico é geralmente bom, com a maioria dos pacientes apresentando recuperação funcional ao longo do tempo.

Dra. Fernanda Lima
CRM: 62.333
@‌fefarlima
Reumatologista e Médica do Esporte da Clínica Move

Prevenção e cuidados para evitar dores articulares no trabalho

A vida sedentária e as necessidades de determinadas funções implicam em diversos acometimentos articulares e lesões.

Trabalhadores tanto da indústria quanto da construção civil e prestação de serviços domésticos apresentam como principal motivo de suas ausências no trabalho e busca por atendimento a lombalgia mecânica.

Além dessa, a cervicalgia e outras dorsopatias são as queixas mais comuns e que muitas vezes poderiam ser previnidas com determinados cuidados pessoais e medidas diárias.

O fortalecimento muscular para ganho das musculaturas axiais e o Alongamento articular para manter capacidade de movimentos completos são cuidados pessoais práticos que podem ter resultados imedatos na prática diária de diversas profissões.

Além disso, trabalhadores de escritório apresentam as famosas Tenossinovites, inflamações localizadas da bainha e tendões de determinadas articulações como do punho e antebraço causando não só desconforto, mais também, perda de produtividade.

Medidas como alteração da altura da cadeira, uso de mouse vertical, mesas ergonômicas entre outras, podem diminuir este acometimento.

Por fim, determinados nutrientes como os sais minerais Magnésio e Cálcio são importantes para a contração muscular e também para as fases de alongamento e relaxamento dos músculos.

Caso sinta alguma dessas dores, não deixe de procurar um médico para investigar prováveis causas e afastar novos eventos.

Dúvidas? Deixe suas perguntas nos comentários!

Dra. Mariana Camargo
CRM: 199608
@‌mariana.scamargo
Médica do Exercício e Esporte da Clínica Move

A atividade física regular melhora o desempenho escolar das crianças

1- Já existe um consenso sobre os benefícios dos exercícios físicos na saúde física e mental das crianças e adolescentes.

2- O exercício físico tem uma função na prevenção e ajuda no tratamento de várias situações clínicas como: diabetes, doenças cardiovasculares, obesidade, alguns tipos de câncer, depressão, ansiedade, osteoporose, fibromialgia entre tantas outras.

3- Um novo estudo mostrou que os exercícios físicos têm um impacto positivo no desempenho acadêmico de crianças abaixo de 12 anos.

4- O impacto é maior na matemática do que leitura e ortografia.

Precisamos ter mais atenção à importância da atividade física regular na saúde e educação das crianças e adolescentes.
Procure o médico do exercício e esporte para a orientação da prática de exercícios físicos e esporte.

Dra. Ana Lucia de Sá Pinto
CRM: 57.296
Pediatra e Médica do Exercício e Esporte da Clínica Move

Fontes
European Journal of Pediatrics. DOI: 10.1007/s00431-023-05009-w.
Sociedade Brasileira de Pediatria

Transtornos alimentares em Crianças e Adolescentes

Uma revisão sistemática e metanálise publicada recentemente de 32 estudos, com 63.181 participantes de 16 países diferentes revelou que 22% das crianças e adolescentes apresentam transtornos alimentares. A porcentagem foi ainda maior entre as meninas adolescentes e aquelas com maior índice de massa corpórea.

·         O que estamos fazendo para que as refeições entre familiares e amigos, um momento que deveria ser de prazer e afeto, deixe de ter esse papel?

·         O que estamos fazendo durante as consultas médicas pediátricas para não conseguir orientar os nossos pacientes em relação à importância de uma dieta equilibrada e para tirar o medo que eles têm de ingerir determinados alimentos, como os carboidratos?

·         Por que não conseguimos mostrar para eles que não tem importância comer um doce ou alguma outra coisa gostosa quando estamos com vontade e que não é errado fazer isso?

·         Por que algumas vezes não conseguimos explicar para os pacientes que participam de treinamentos esportivos que, por terem mais músculos, muitas vezes pesam mais que seus amigos que não treinam?

·         Por que não conseguimos ajudá-los a construir uma boa relação com seus corpos, respeitando a individualidade e deixando claro que não tem tamanho, tipo ou peso ideal?

Nós, profissionais da área da saúde, temos uma grande responsabilidade em esclarecer aos nossos pacientes vários conceitos errados que eles nos trazem. É importante abordar todas essas questões durante a consulta para desmistificar padrões de comportamentos e ajudá-los a crescerem e se desenvolverem saudáveis e com mais liberdade.

 

Fonte: JAMA Pediatrics. DOI: 10.1001/jamapediatrics.2022.5848.

 

Dra. Ana Lucia de Sá Pinto

Pediatra e Médica do Exercício e esporte da Clínica Move

O importante papel da fisioterapia no tratamento da Capsulite Adesiva.

A Capsulite Adesiva, também conhecida como ombro congelado, é uma condição em que a cápsula articular do ombro fica inflamada e fibrosa, resultando em rigidez e dor no ombro. Inicialmente o paciente apresenta uma dor na articulação do ombro, que fica mais intensa e passa a incomodá-lo inclusive durante à noite. Com o tempo, se não tratado, além da dor o paciente percebe que está gradualmente perdendo a mobilidade do ombro em todos os planos de movimento. Atividades do dia a dia como pentear o cabelo, colocar uma blusa e pegar um objeto no banco de trás do carro passa a ser um problema.
O tratamento pode incluir medicação para controlar a dor, que é intenso, em especial na fase inicial do quadro e reduzir a inflamação. No entanto, a fisioterapia tem papel fundamental para ajudar a restaurar a amplitude de movimento no ombro afetado. O tratamento fisioterápico é geralmente dividido em três fases: fase aguda, fase de recuperação e fase de reabilitação.

Na fase aguda, o objetivo é controlar a dor e reduzir a inflamação. O fisioterapeuta pode usar métodos físicos de tratamento, como gelo, calor ou estimulação elétrica, para ajudar a aliviar a dor e a rigidez. Já nesta fase se inicia um programa de exercícios para manter a mobilidade do ombro.

Na fase de recuperação, o objetivo é recuperar e aumentar a amplitude de movimento do ombro afetado. O fisioterapeuta pode utilizar uma combinação de mobilização passiva e ativa, juntamente com exercícios específicos, para ajudar a aumentar a flexibilidade e reduzir a rigidez. Nesse fase se inicia uma série de exercícios leves de fortalecimento, preparando a articulação para  a para próxima fase.

Finalmente, na última fase, a de reabilitação, o objetivo é restaurar a força e a função normal do ombro. O fisioterapeuta pode prescrever exercícios de fortalecimento moderados a intensos, juntamente com técnicas de treinamento funcional, para ajudar a restaurar a função normal do ombro e prevenir futuras lesões.

Em resumo, a Capsulite Adesiva é uma condição que afeta a mobilidade e a funcionalidade do ombro. No entanto, com o tratamento fisioterápico adequado, é possível reduzir a dor, aumentar a flexibilidade e a força, além de restaurar a função normal do ombro. É importante consultar um fisioterapeuta para avaliar a condição e determinar o melhor plano de tratamento para cada paciente.

A corrida aumenta a chance de ter Osteoartrite (artrose) de joelho?

Especula-se que correr possa aumentar o risco de desgaste na cartilagem dos joelhos em função de uma carga maior nas articulações do que caminhar ou ficar em pé. Esse desgaste é conhecido como Osteoartrite (OA) ou Artrose.  No entanto, quando avaliamos as evidências científicas mais recentes, não há nada que embase essa teoria.

Como exemplo, um novo estudo, liderado pelo Dr. Mattew J. Hartwell, cirurgião ortopédico da Universidade da California, apresentado no Congresso Anual de 2023 da Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos (AAOS) trouxe mais luz sobre esse tópico. Nesse novo estudo, os pesquisadores entrevistaram 3.804 corredores que participaram da Maratona de Chicago em 2019 ou 2021 sobre seu histórico de corrida, quilometragem média por semana e ritmo médio de corrida. A pesquisa também perguntou sobre fatores de risco conhecidos para OA, incluindo IMC, histórico familiar de artrite e lesões anteriores no joelho e no quadril que impediram a corrida. Os corredores tinham, em média, cerca de 44 anos e corriam por volta de 45km por semana. Os participantes do estudo tinham em média 15 anos de experiência em corrida.

O estudo concluiu que a quilometragem, frequência e ritmo da corrida não estão associados a um risco aumentado de osteoartrite de joelho. Os corredores que tinham histórico de cirurgia no joelho ou quadril ou ainda, que tinham lesões prévias no quadril ou no joelho que impediam a corrida tinham mais probabilidade de ter OA.  Outros fatores associados ao risco de OA foi o de histórico familiar de OA, índice de massa corporal (IMC) mais alto e idade mais avançada.

Segundo o Dr. Hartwell, “Não pode haver, necessariamente, uma relação dose-resposta em que quanto mais você corre, mais degrada seu joelho ou quadril”. Em outras palavras, o volume de corrida por si só não é um determinante de risco para OA.

É óbvio que ainda são necessários mais estudos para refinar melhor o conhecimento sobre esse tópico e tentar agrupar melhor os corredores com mais risco futuro. No entanto, mais uma vez, é importante reforçar que já há evidências científicas abundantes mostrando que a prática regular de exercício físico previne e trata inúmeras doenças.  Portanto, temos que ter cuidado com matérias que induzam o leitor a achar que é melhor ele ficar sedentário, pois, do contrário, ele vai se lesionar. O exercício regular e bem dosado, afinal, é remédio.

Dra. Fernanda Rodrigues Lima
CRM: 62.333
@‌fefarlima
Reumatologista e Médica do Esporte da Clínica Move

É normal ter reganho de peso depois de emagrecer muito?

As evidências científicas confirmam a inexorável tendência de reganho de peso observada após uma perda significativa e que o seu motivo não é simplista, somente atribuível à perda de motivação ou adesão do paciente (que também são fatores envolvidos), mas é impulsionado por potentes mecanismos biológicos que tendem a estimular o aumento da ingestão calórica e diminuir o gasto de energia. Quando a redução do peso corporal ocorre, a secreção de hormônios orexígenos (que causam fome) no trato gastrointestinal tende a aumentar, enquanto a produção de hormônios anorexígenos (que inibem a fome) decai. A leptina, que é um hormônio expresso no tecido adiposo e tem efeitos anorexígeno e em aumento de gasto energético, tem grande redução após uma perda de peso. Os efeitos combinados desses sinais periféricos ao nível do neurônios hipotalâmicos controlando o peso e o balanço energético causam um aumento da fome e diminuição do gasto energético, criando um substrato favorável para a ação dos mecanismos centrais ligados ao prazer e a recompensa pela comida.

Esse conhecimento é importante para:
👉🏽Entender que a perda de peso nunca é linear; a tendência é perder mais no início e menos ao
passar do tempo e isso não indica falha do tratamento, mas sim uma resposta fisiológica do corpo à perda de peso
👉🏽Quebrar o estigma que o reganho é um efeito rebote da retirada da medicação
👉🏽Entender que a fase de manutenção do peso perdido é um processo tão ativo quanto a de perda e requer o estabelecimento de estratégias efetivas para evitar o reganho (uma delas pode ser a
manutenção da medicação a longo prazo)

‼️É por isso que é importante que os pacientes não se automediquem, procurem o acompanhamento com profissionais capacitados que possam auxiliar adequadamente no tratamento para perda de peso e, também, na manutenção do peso perdido a longo prazo.

Busetto L, Bettini S, Makaronidis J, Roberts CA, Halford JCG, Batterham RL. Mechanisms
of weight regain. Eur J Intern Med. 2021;93:3-7. doi:10.1016/j.ejim.2021.01.002

Dra. Mirela Miranda
CRM: 147.317
@dra .mirelamiranda
Endocrinologista da Clínica Move

Tomar leite aumenta o risco de ter câncer?

O leite e seus derivados constituem uma importante fonte de cálcio na população ocidental como um todo. Mas boa parte dos produtos obtidos a partir do leite de vaca sofre um alto grau de processamento pela indústria, o que pode interferir na sua segurança alimentar e no seu valor nutricional.

Para crianças, adolescentes, idosos e puérperas, uma dieta rica em cálcio é de suma importância e não podemos negar que o cálcio encontrado no leite é superior ao encontrado em fontes vegetais. No entanto, alguns estudos têm sugerido uma associação entre consumo de leite e risco de câncer de próstata e mama na população adulta. Vamos a eles:

Câncer de próstata:
Estudo prospectivo com 1334 voluntários seguidos por 8 anos mostrou que consumir mais de 4 porções de leite integral por semana e ter um IMC maior que 27,5 (sobrepeso) aumentou em 3 vezes a chance de recorrência de tumor de próstata agressivo. Pacientes com peso normal, consumindo menos que 4 porções por semana e usando leite desnatado não tiveram maiores chances de ter essa recorrência (David Tate l al, 2018).
Estudo transversal de associação entre consumo de leite e agressividade do tumor de próstata em 2000 homens na Carolina do Norte mostrou que tomar leite integral e ter uma alta relação Cálcio/magnésio na dieta aumentou em até 74% a chance de desenvolver um tumor de próstata, sobretudo em africanos-americanos. Tal fato não ocorreu com o consumo de leite desnatado e uma maior ingestão de magnésio na dieta (Susan E. Steck et al, 2018).

Câncer de mama:
Estudo prospectivo com 52 mil mulheres acompanhadas por 7 a 9 anos mostrou que alto consumo de leite integral ou desnatado (450 ml/dia) estava associado a uma chance 1.5 vez maior que desenvolver câncer de mama. Essa chance se reduziu a 0,68 quando houve substituição parcial do leite por leite de soja e houve até uma tendência a uma relação inversa entre consumo de isoflavona e risco de câncer. Por outro lado, essa associação não foi encontrada no caso de queijos e iogurtes. Os dados não foram diferentes para mulheres menopausadas ou não (Gary Fraser et al, 2020).

Recente meta análise (análise de diferentes estudos comparados por ferramentas estatísticas específicas) envolvendo 8 estudos com mulheres de diferentes países publicados até 2009 não encontrou relação entre consumo de leite ou queijo magros, iogurtes e câncer de mama (Lu Chen et al, 2019) e os autores concluem que os dados epidemiológicos utilizados ainda são insuficientes para estabelecer tal associação.

Analisando brevemente esses estudos, parece prudente considerar o uso de leite desnatado para as populações de risco para esses tipos de câncer, sobretudo os homens, e dar alguma atenção ao nível de magnésio na dieta. Mas ainda há necessidade de se ter maiores estudos, estudos multicêntricos, com outros métodos mais precisos para estimar a ingestão de leite e derivados, já que esse dado foi estimando através de questionários específicos, e esse tipo de estimativa apresenta algumas limitações.

Dra. Patrícia Campos-Ferraz
Nutricionista da Clínica MOVE

Susan E Steck, Omonefe O Omofuma, L Joseph Su, Amanda A Maise, Anna Woloszynska-Read, Candace S Johnson, Hongmei Zhang, Jeannette T Bensen, Elizabeth T H Fontham, James L Mohler, Lenore Arab, Calcium, magnesium, and whole-milk intakes and high-aggressive prostate cancer in the North Carolina–Louisiana Prostate Cancer Project (PCaP), The American Journal of Clinical Nutrition, Volume 107, Issue 5, May 2018, Pages 799–807, https://doi.org/10.1093/ajcn/nqy037
Gary E Fraser, Karen Jaceldo-Siegl, Michael Orlich, Andrew Mashchak, Rawiwan Sirirat, Synnove Knutsen, Dairy, soy, and risk of breast cancer: those confounded milks, International Journal of Epidemiology, Volume 49, Issue 5, October 2020, Pages 1526–1537, https://doi.org/10.1093/ije/dyaa007
Tat, David, et al. “Milk and other dairy foods in relation to prostate cancer recurrence: data from the cancer of the prostate strategic urologic research endeavor (CaPSURE™).” The Prostate 78.1 (2018): 32-39.
Chen, Lu, Min Li, and Hao Li. “Milk and yogurt intake and breast cancer risk: a meta-analysis.” Medicine 98.12 (2019).

A dieta vegetariana interfere no crescimento das crianças?

O número de pessoas interessadas nesse tipo de dieta vem aumentando, e com isso várias perguntas aparecem com relação à adoção dessa dieta pelas crianças. Será que pode ocorrer alguma deficiência nutricional, ou até mesmo o comprometimento do crescimento?

Primeiro vamos lembrar o conceito do vegetarianismo (podem ser incluídos na dieta ovos, leite e derivados) e veganismo (nenhuma proteína de origem animal, e nem mesmo o mel que é um carboidrato de origem animal).
Até agora os estudos publicados apresentaram resultados conflitantes com relação a essas dietas, ou seja, alguns mostraram que a dieta vegetariana interfere de forma negativa no crescimento, e outros mostraram que não tem interferência negativa. Alguns estudos mostraram deficiências nutricionais, como falta de ferro, zinco, vitamina B e proteínas nessas crianças e adolescentes, o que com certeza traria um comprometimento no crescimento e desenvolvimento.

Um artigo publicado esse ano em uma revista americana conceituada (Pediatrics) mostrou alguns resultados interessantes. Os autores acompanharam 8.907 crianças entre 6 meses à 8 anos de idade, incluindo 248 vegetarianas no período de 2008 a 2019. As crianças com doenças crônicas e história de alterações no crescimento foram excluídas. As crianças vegetarianas:

• não tiveram valores baixos de ferro e vitamina D no sangue;
• não tiveram sobrepeso e obesidade;
• tiveram mais baixo peso que as crianças não vegetarianas;
• não apresentaram alterações na velocidade de crescimento;
• não apresentaram alterações clínicas e laboratoriais.

São necessários mais estudos sobre esse tema, uma vez que, cada vez mais as crianças não querem se alimentar de proteínas de origem animal, e os pais e os responsáveis por elas sempre têm duvida com relação à possibilidade dessa dieta.

Importante discutir esse assunto com o pediatra, e junto com a nutricionista adequar individualmente o aporte de calorias e nutrientes para cada criança levando em consideração as diferentes fases de crescimento e grau de atividade física. Dessa forma, conseguimos garantir um crescimento e desenvolvimento saudável para elas.

Dra. Ana Lucia de Sá Pinto
Pediatra e Médica do Exercício e Esporte da Clínica Move

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