Os relatos de perda de memória e atenção durante e após o tratamento são comuns entre as mulheres com câncer (CA) de mama. Este evento é conhecido como Comprometimento Cognitivo Relacionado ao Câncer (CCRC) e acomete, principalmente, as pacientes durante a quimioterapia. Os possíveis mecanismos que levam a este prejuízo cognitivo estão relacionados à capacidade dos agentes quimioterápicos em atravessar a barreira hematoencefálica promovendo danos as células nervosas, e alterações nos níveis de neurotransmissores, citocinas, estrógeno e testosterona. Por efeito, pacientes com CA de mama queixam-se de déficit de atenção, dificuldade de retornar ao trabalho e de cumprimento dos papéis sociais, angustia e perdas da autoconfiança e da qualidade de vida.
Um recente estudo, avaliou o nível de atividade física e o relacionou com a fadiga e desempenho cognitivo em 299 mulheres com CA de mama. O estudo evidenciou que as pacientes com os níveis mais altos de atividade física diária foram as que tiveram menor fadiga e obtiveram melhores desempenhos nos testes de função executiva e memória.
Estes achados nos mostram que a fadiga parece ser um mecanismo potencializador do CCRC e que, ao reduzi-la, os sintomas de perda de memória e atenção também diminuem. Dado que o exercício físico é, legitimamente, a intervenção terapêutica mais relevante na redução da fadiga relacionada ao CA, fica clara a necessidade de expor as pacientes com CA de mama a uma rotina de exercícios diários para a melhora do CCRC.
Considerando a qualidade deste estudo, seus resultados tornam-se extremamente relevantes e conclusivos: pacientes com CA de mama que treinam podem reduzir dois sintomas importantes (fadiga e comprometimento cognitivo).
Estamos no mês da conscientização sobre a prevenção e tratamento do CA de mama. Mulheres, vocês estão esperando o quê para começar a se exercitar?
Professor de Educação Física da Clínica Move
Mestre Rodrigo Ferraz
Referência do estudo citado
- Ehlers, Diane K., et al. “The effects of physical activity and fatigue on cognitive performance in breast cancer survivors.” Breast Cancer Research and Treatment3 (2017): 699-707.