O importante papel da fisioterapia no tratamento da Capsulite Adesiva.

A Capsulite Adesiva, também conhecida como ombro congelado, é uma condição em que a cápsula articular do ombro fica inflamada e fibrosa, resultando em rigidez e dor no ombro. Inicialmente o paciente apresenta uma dor na articulação do ombro, que fica mais intensa e passa a incomodá-lo inclusive durante à noite. Com o tempo, se não tratado, além da dor o paciente percebe que está gradualmente perdendo a mobilidade do ombro em todos os planos de movimento. Atividades do dia a dia como pentear o cabelo, colocar uma blusa e pegar um objeto no banco de trás do carro passa a ser um problema.
O tratamento pode incluir medicação para controlar a dor, que é intenso, em especial na fase inicial do quadro e reduzir a inflamação. No entanto, a fisioterapia tem papel fundamental para ajudar a restaurar a amplitude de movimento no ombro afetado. O tratamento fisioterápico é geralmente dividido em três fases: fase aguda, fase de recuperação e fase de reabilitação.

Na fase aguda, o objetivo é controlar a dor e reduzir a inflamação. O fisioterapeuta pode usar métodos físicos de tratamento, como gelo, calor ou estimulação elétrica, para ajudar a aliviar a dor e a rigidez. Já nesta fase se inicia um programa de exercícios para manter a mobilidade do ombro.

Na fase de recuperação, o objetivo é recuperar e aumentar a amplitude de movimento do ombro afetado. O fisioterapeuta pode utilizar uma combinação de mobilização passiva e ativa, juntamente com exercícios específicos, para ajudar a aumentar a flexibilidade e reduzir a rigidez. Nesse fase se inicia uma série de exercícios leves de fortalecimento, preparando a articulação para  a para próxima fase.

Finalmente, na última fase, a de reabilitação, o objetivo é restaurar a força e a função normal do ombro. O fisioterapeuta pode prescrever exercícios de fortalecimento moderados a intensos, juntamente com técnicas de treinamento funcional, para ajudar a restaurar a função normal do ombro e prevenir futuras lesões.

Em resumo, a Capsulite Adesiva é uma condição que afeta a mobilidade e a funcionalidade do ombro. No entanto, com o tratamento fisioterápico adequado, é possível reduzir a dor, aumentar a flexibilidade e a força, além de restaurar a função normal do ombro. É importante consultar um fisioterapeuta para avaliar a condição e determinar o melhor plano de tratamento para cada paciente.

A corrida aumenta a chance de ter Osteoartrite (artrose) de joelho?

Especula-se que correr possa aumentar o risco de desgaste na cartilagem dos joelhos em função de uma carga maior nas articulações do que caminhar ou ficar em pé. Esse desgaste é conhecido como Osteoartrite (OA) ou Artrose.  No entanto, quando avaliamos as evidências científicas mais recentes, não há nada que embase essa teoria.

Como exemplo, um novo estudo, liderado pelo Dr. Mattew J. Hartwell, cirurgião ortopédico da Universidade da California, apresentado no Congresso Anual de 2023 da Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos (AAOS) trouxe mais luz sobre esse tópico. Nesse novo estudo, os pesquisadores entrevistaram 3.804 corredores que participaram da Maratona de Chicago em 2019 ou 2021 sobre seu histórico de corrida, quilometragem média por semana e ritmo médio de corrida. A pesquisa também perguntou sobre fatores de risco conhecidos para OA, incluindo IMC, histórico familiar de artrite e lesões anteriores no joelho e no quadril que impediram a corrida. Os corredores tinham, em média, cerca de 44 anos e corriam por volta de 45km por semana. Os participantes do estudo tinham em média 15 anos de experiência em corrida.

O estudo concluiu que a quilometragem, frequência e ritmo da corrida não estão associados a um risco aumentado de osteoartrite de joelho. Os corredores que tinham histórico de cirurgia no joelho ou quadril ou ainda, que tinham lesões prévias no quadril ou no joelho que impediam a corrida tinham mais probabilidade de ter OA.  Outros fatores associados ao risco de OA foi o de histórico familiar de OA, índice de massa corporal (IMC) mais alto e idade mais avançada.

Segundo o Dr. Hartwell, “Não pode haver, necessariamente, uma relação dose-resposta em que quanto mais você corre, mais degrada seu joelho ou quadril”. Em outras palavras, o volume de corrida por si só não é um determinante de risco para OA.

É óbvio que ainda são necessários mais estudos para refinar melhor o conhecimento sobre esse tópico e tentar agrupar melhor os corredores com mais risco futuro. No entanto, mais uma vez, é importante reforçar que já há evidências científicas abundantes mostrando que a prática regular de exercício físico previne e trata inúmeras doenças.  Portanto, temos que ter cuidado com matérias que induzam o leitor a achar que é melhor ele ficar sedentário, pois, do contrário, ele vai se lesionar. O exercício regular e bem dosado, afinal, é remédio.

Dra. Fernanda Rodrigues Lima
CRM: 62.333
@‌fefarlima
Reumatologista e Médica do Esporte da Clínica Move

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