Pacientes imunodeprimidos fisicamente ativos têm melhor resposta vacinal

Já sabemos que o funcionamento do sistema imune é diminuído em indivíduos idosos, usuários de corticoides e outros moduladores imunológicos, assim como, em obesos. Pensando nisso, pesquisadores da Disciplina de Reumatologia da Faculdade de Medicina USP avaliaram a segurança e a efetividade da CoronaVac em portadores de doenças reumáticas autoimunes, entre elas artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, artrite psoriásica, vasculite primária e esclerose sistêmica.

Esse estudo não só confirmou a segurança da vacina, como também, mostrou que ela induz uma resposta aceitável, ainda que reduzida, nesse grupo de pacientes. Importante ressaltar que uma resposta vacinal mais fraca era esperada já que grande parte desses pacientes faz uso de medicações que reduzem a atividade do sistema imune.

Estudos anteriores já mostraram que um estilo de vida ativo protege contra o agravamento da COVID-19 e, reduz as internações. Outros estudos já mostraram que a reposta vacinal pode ser diferente entre os indivíduos fisicamente ativos e sedentários. Nesse sentido, os pesquisadores analisaram 898 pacientes imunossuprimidos, e 494 foram classificados como ativos e 404 como inativos. Além disso, participaram 197 voluntários sem doença autoimune (grupo controle), sendo 128 ativos e 69 inativos.

O resultado da análise foi muito interessante porque mostrou que os pacientes imunossuprimidos fisicamente ativos apresentaram uma chance 1,4 vez maior que os inativos de atingir a soroconversão. “Dizendo isso de outra forma: para cada dez pacientes inativos que soroconverteram após a segunda dose da vacina, há 14 pacientes fisicamente ativos que atingiram o mesmo resultado”, explica o Prof. Bruno Gualano.
Os voluntários sem doença autoimune, a chance de soroconversão foi 9,9 vezes maior entre os fisicamente ativos.

Esses resultados reforçam a importância da atividade física na melhor reposta vacinal contra a COVID-19 independentemente de fatores como o uso de imunossupressores.

Procure o seu médico para ter liberação e receber orientação adequada para a prática de atividade física regular.

Dra. Ana Lucia de Sá Pinto
Pediatra e Médica do Exercício e Esporte

Risco de lesões no Triathlon

A palavra triathlon vem do latim e significa três combates, ou seja, três modalidades sendo competidas em um único esporte: natação, ciclismo e corrida. Esse esporte melhora a capacidade do sistema cardiopulmonar, fortalece a musculatura, combate depressão, ajuda a prevenir a diabetes e auxilia na saúde mental do indivíduo. O triathlon por reunir as 3 modalidades em uma única competição, requer amplo preparo físico e, se o atleta não tomar cuidado poderá se lesionar. Essas lesões podem aparecer tanto nas competições quanto nos treinamentos. Lesões mais comuns:

Natação🏊
• Tendinopatia do manguito rotador (conjunto de 4 músculos do ombro);
• Tendinopatia de flexores e extensores de tornozelo (pelo uso de pé de pato).

Ciclismo🚴
• Dor no joelho por atrito da banda iliotibial;
• Lombalgia e cervicalgia em decorrência da posição na bicicleta.

Corrida 🏃🏿
• Dor patelofemoral (região anterior do joelho);
• Síndrome da banda iliotibial;
• Fratura por estresse;
• Fasciite plantar

Um estudo publicado em 2020 “Triathlon-related musculoskeletal injuries: a study on a Portuguese Triathlon Championship”, mostrou que as lesões no joelho observadas nestes atletas são decorrentes do impacto na corrida, da posição na bike ou erro de execução do movimento em dos 3 esportes.

Para evitar e/ou minimizar os riscos de lesão o atleta precisa:

1- Ter uma programação do treinamento das 3 modalidades com um profissional capacitado, respeitando a fase de repouso;
2- Acrescentar no seu treinamento exercícios de fortalecimento muscular, flexibilidade e neuromotor;
3- Fazer avaliação biomecânica dos gestos esportivos para detectar alterações e corrigi-las;
4- Utilizar os equipamentos adequados, no caso do ciclismo fazer bike fit, em que um profissional com formação nessa avaliação adaptará a bicicleta para o corpo do atleta, e no caso da corrida, escolher o calçado mais adequado para o seu tipo de pé e pisada.

Bárbara Hossni Espinhel
@fisio.bahossni
Fisioterapeuta da Clínica Move

Síndrome Metabólica: um alerta vermelho para a sua saúde

O que é a síndrome metabólica?

Síndrome metabólica é o termo utilizado para um conjunto de fatores de risco implicados no desenvolvimento de doenças cardiovasculares e do diabetes. Sua patogênese está relacionada principalmente à resistência insulínica e à inflamação causadas por uma disfunção do tecido adiposo. Além da predisposição genética, o estilo de vida caracterizado pelo sedentarismo e dieta pouco saudável tem grande impacto no desenvolvimento da síndrome.Sua prevalência tem aumentado, em paralelo com a de obesidade, e se tornou um problema global. Estima-se que a síndrome metabólica acometa em torno de 30% da população acima de 20 anos nos Estados Unidos e aproximadamente um quarto da população adulta na Europa e na América Latina. Por que devo me preocupar com a síndrome metabólica?

É muito importante identificar os pacientes com síndrome metabólica, pois, apesar de muitas vezes não sentirem nada, eles possuem um risco aumentado para diversas doenças. As duas principais são diabetes tipo 2 e doença coronariana, cujo risco é duas vezes maior nos pacientes com a síndrome quando comparados com os sem. Além disso, a síndrome já foi associado ao maior risco de acidente vascular cerebral isquêmico, doença hepática gordurosa, apneia obstrutiva do sono e cânceres como de mama e de cólon. Em mulheres, está associada à síndrome dos ovários policísticos e às doença hipertensivas da gravidez (eclampsia e pré-eclampsia). Estudos mais recentes têm levantado também a possibilidade de a síndrome metabólica afetar negativamente o desempenho neurocognitivo.

O diagnóstico precoce e o seu tratamento são essenciais para o impedimento de suas complicações.

Como saber se eu tenho síndrome metabólica?

De forma geral, a prevalência da síndrome metabólica aumenta com o envelhecimento. O risco é ainda maior em pessoas com histórico familiar de diabetes, sedentários, com sobrepeso/obesidade e que já apresentaram níveis alterados de glicose, colesterol e pressão arterial. Essas pessoas devem procurar atendimento médico especializado para pesquisar se possuem os critérios diagnósticos para síndrome.

De acordo com as diretrizes profissionais atuais, a síndrome metabólica é diagnosticada quando um paciente possui pelo menos 3 das seguintes 5 condições:

  • Glicose no jejum ≥100 mg/dL (ou receita de terapia com medicamentos para hiperglicemia)
  • Pressão arterial ≥130/85 mm Hg (ou receita de terapia medicamentosa para hipertensão)
  • Triglicerídeos ≥150mg/dL (ou receber tratamento medicamentoso para hipertrigliceridemia)
  • HDL-C <40 mg/dL em homens ou <50 mg/dL em mulheres (ou recebendo terapia medicamentosa para HDL-C reduzido)
  • Circunferência da cintura ≥102 cm em homens ou ≥88 cm em mulheres; se asiático americano, ≥90 cm em homens ou ≥80 cm em mulheres (Segundo os critérios da federação internacional de diabetes, pode-se usar um índice de massa corporal [IMC]> 30 kg/m2 no lugar do critério da circunferência da cintura)

Como posso evitar a síndrome metabólica?

A prevenção é sempre a melhor opção. A adoção precoce de estilo de vida saudável, com dieta balanceada e prática regular de atividade física, preferencialmente desde a infância, é o elemento fundamental na prevenção da síndrome metabólica.

Uma dieta saudável envolve, de modo geral, um balanço energético que permita a manutenção do peso saudável, a redução da ingestão de calorias sob a forma de gorduras, a mudança do consumo de gorduras saturadas para gorduras insaturadas, redução do consumo de gorduras trans (hidrogenada), o aumento da ingestão de frutas, hortaliças, leguminosas e cereais integrais e a redução da ingestão de açúcar livre.

A atividade física deve ter duração mínima de 30 minutos, ser regular e incluir exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular. A melhora de hábitos de vida deve incluir também a redução do tempo de lazer passivo (televisão, jogos eletrônicos, atividades em computadores etc.)

Outras medidas como evitar o  tabagismo e o consumo reduzido de bebidas alcoólicas também são importantes.

Como tratar a síndrome metabólica?

O tratamento envolve a associação de um plano alimentar saudável à pratica regular de atividade física, visando a redução do peso e gordura abdominal, melhora dos níveis pressóricos, de glicose e de colesterol. Muitas vezes, é necessário também o uso de medicações para o tratamento da hipertensão, dislipidemia e para inibir a progressão  para o diabetes. A abordagem terapêutica para síndrome metabólica deve ser multidisciplinar (médico, nutricionista, educador físico) e individualizada para as necessidades do paciente.

Dra. Mirela Miranda
Endocrinologista da Clínica Move

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