O que são Fraturas por Estresse?

As fraturas por estresse representam 20% das lesões por overuse no esporte e representam um importante limitador de performance durante uma temporada de competição de atletas recreativos e profissionais.

            Conceitualmente, a fratura por estresse engloba dois subtipos: as fraturas por fadiga e as fraturas por insuficiência.  Qual a diferença desses subtipos?

 

  • As fraturas por insuficiência são aquelas que acontecem mediante a aplicação de uma carga habitual em um osso frágil ou doente, como nos casos de osteoporose, tumor ósseo ou infecção local. Esse tipo de fratura é visto em indivíduos sedentários ou com doenças crônicas.
  • As fraturas por fadiga, o  osso afetado é saudável, mas sofre diante de uma sobrecarga mecânica ampliada e repetitiva, que não respeita os limites de readaptação fisiológica desse osso. Esse tipo de fratura  é em geral visto nas fraturas por estresse no esporte.

 

E porque essa fadiga acontece?

O osso responde a uma complexa combinação de  estímulos mecânicos de compressão, tensão e torção para produzir mais osso. Esses estímulos geram o que é chamado de  “microcrack” ou microfratura em resposta ao stress.  Essa reação fisiológica estimula as células ósseas locais a sintetizar microtrabéculas saudáveis e reparar a trabécula lesionada.  Esse é um processo contínuo e promove um aumento da densidade do osso,  quando o estímulo é adequadamente imposto, e respeita o ciclo de remodelamento.

            Se o estímulo é excessivo em intensidade ou frequência, há uma quebra nesse processo e o osso sofre uma fratura clínica.  Nesse caso o atleta vai sentir dor local que piora mediante o estímulo físico do gesto esportivo que motivou a lesão.

            Uma vez que o médico do esporte ou ortopedista suspeitam que a lesão possa ser uma fratura de estresse, é fundamental estabelecer o local anatômico, as características e extensão da fratura, e  isso é feito por meio de métodos de imagem.

            Embora a radiografia simples seja um método de fácil acesso para essa situação, nem sempre as fraturas por estresse são detectadas por meio desse método. O método mais sensível e específico utilizado na prática clínica  é a Ressonância Magnética.

            As fraturas por estresse são classificas em baixo risco e alto risco. As de baixo risco apresentam uma ótima evolução,  e são tratadas com retirada da carga excessiva e reabilitação fisioterápica. As fratura alto risco são aquelas que estão instáveis ou desalinhadas, e  que tem propensão para não consolidar e. Em alguns casos essas fraturas precisam ser tratadas com uma imobilização mais prolongada ou eventualmente até com cirurgia.

            Noventa por cento das fraturas por estresse se localizam em quadril e membros inferiores, em especial no tornozelo e pés. Os esportes que mais estão relacionados com esse padrão de lesão são os esportes que utilizam a corrida de longa distância e os deslocamentos com saltos e pulos de repetição.

 

Faz parte do tratamento avaliar se o atleta apresenta fatores de risco para uma nova fratura, como:

  • Revisar o gesto esportivo para ver se existe algum erro na técnica
  • Reprogramar o volume de treinamento esportivo com o treinador
  • Investigar alterações hormonais ou baixo aporte energético

Os itens acima são exemplo de um check list que deve ser revisto antes de liberar o atleta para retomar o seu treinamento.  As atletas que apresentam disfunção menstrual apresentam um risco adicional, pois estão expostas a uma baixa de estrógeno, um importante hormônio de manutenção da saúde óssea.

 

Em geral, o tempo total para a retomada às atividades normais após uma fratura de estresse é de 8-12 semanas, dependendo do esporte e da fratura em questão. Essa volta aos treinos deve ser feita de maneira gradual, com acréscimo monitorado de carga e sempre respeitando a ausência de dor como referencial para progressão.

Dra Fernanda Rodrigues Lima
Reumatologista e Médica do Esporte da Clínica Move

 

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