O intestino é um órgão que, em pouco tempo, passou de relegado a segundo plano para o queridinho dos pesquisadores. Isso por que, além de digestão, absorção e excreção dos alimentos, ele tem muitas outras funções interessantes.
Nosso intestino, um tubo cujo comprimento varia de 4,5 a 6 metros, é morada de uma comunidade enorme de microrganismos, sobretudo bactérias. Calma, não se assuste, refiro-me às bactérias intestinais, benéficas, que vivem conosco em mutualismo. Ou seja, elas nos ajudam, nos as ajudamos.
Recentemente, o papel dessas bactérias intestinais ganhou uma nova luz. Sabíamos que elas auxiliam na digestão dos carboidratos não-digeríveis presentes nos vegetais produzindo, a partir deles, os chamados ácidos graxos de cadeia curta. Esses compostos servem de combustível para bactérias que fazem fermentação no cólon.
O que é relativamente novo é que essas mesmas bactérias são capazes de produzir neurotransmissores como serotonina, seu precursor, o triptofano, o hormônio cortisol, e vários outros. Há indícios de que um desequilíbrio nessa comunidade poderia estar relacionado a quadros de distúrbios do humor, doenças do fígado, hipercolesterolemia, entre outros. Ainda são evidências em animais; em humanos, é mais difícil verificar esses fenômenos. Precisaremos de tempo para que a Ciência faça o seu trabalho.
Entretanto, vale a pena investir no equilíbrio desse órgão, com uma alimentação rica em fibras, em bioflavonóides (pigmentos contidos nos vegetais com ação antioxidante) e quiçá, com uso de alguns complementos como os simbióticos, que fornecem alguns tipos de bactérias e as fibras para seu crescimento. Além disso, o exercício físico moderado também parece contribuir para aumentar a diversidade dessas bactérias no intestino.
Então, está esperando o que para levar uma vida mais saudável?
Patrícia L. Campos-Ferraz, PhD
Nutricionista da Clínica Move