Dra. Milene Ferreira
Geriatra e Fisiatra – Clínica Move
Todos nós queremos envelhecer bem, mas o que é considerado envelhecimento saudável?
Consideramos o envelhecimento satisfatório quando envelhecemos com preservação de nossa independência física e intelectual, com ausência de depressão e manutenção de nossa função social.
Quais os fatores determinantes para um envelhecimento satisfatório?
Pesquisas apontam que os principais fatores relacionados a um bom envelhecimento são:
- Ter perspectivas e planos para futuro
- Manter atividade continua (tanto a prática de atividade física regular quanto atividades socias, laborais e lazer)
- Nivel educacional
- Estabilidade financeira
- Acesso a serviços de saúde
Outros estudos correlacionam testes físicos com o envelhecimento saudável, demonstrando que a população com melhor força muscular, melhor aptidão cardiorespiratória e maior velocidade de caminhada envelhecem de forma mais satisfatória, reforçando a importância da prática de atividade física.
Sabemos ainda que o impacto da atividade física regular vai além da preservação da capacidade funcional, também reduz o risco de eventos cardiovasculares, diabetes, dislipidemias, depressão, cancer, doenças osteoarticulares, demências entre outros.
O que é sedentarismo?
Importante salientarmos que sedentarismo não é a ausência de atividade física, e sim um comportamento de baixo gasto energético. Ou seja, não adianta irmos na academia 3x/semana, mas passarmos o restante do tempo na posição sentada, seja no trânsito, em frente a televisão ou computador. É importante cultivar um comportamento ativo.
De forma geral consideramos sedentário aquele que realiza menos de 5000 passos por dia, sendo que a recomendação é que tenhamos a meta de 10000 passos/dia idealmente.
95 % dos idosos não alcançam esta recomendação. Estudos mostram que a população com mais de 65 anos passa em média cerca de 9 horas por dia sentada. Outro dado importante é que mais de 50% das pessoas idosas que iniciam uma atividade física abandonam dentro de 6 meses.
E porque, mesmo sabendo da importância da prática de atividade física, muitos idosos não conseguem dar início à uma atividade regular ou não conseguem manter em sua rotina?As barreiras mais comuns à prática de atividade física para o idoso, são:
- Dores
- Alterações osteoarticulares e problema nos pés
- Alterações clínicas
- Dificuldade no equilíbrio
- Alterações cognitivas
- Antecedentes de lesões ao praticar atividade física
- Nunca ter vivenciado modalidades de atividade física ou esportiva ao longo da vida
- Falta de suporte social
- Falta de entendimento sobre importância
Qual o papel do médico neste contexto?
O papel do médico deve iniciar na educação quanto a importância da atividade física, mas vai além: cabe ao médico identificar as barreiras e trata-las. Raras são as condições médicas que contraindicam a pratica de atividade física.
Para a maioria das barreiras existe solução, porém a prescrição adequada quanto ao tipo de exercício, forma de início, identificação da necessidade ou não de acompanhamento profissional e de que forma, intensidade, frequência, são determinantes fundamentais para a aderência do idoso.
Situação muito comum, em nossa prática de consultório, são as dores nos pés restringindo a atividade física, levando a uma situação de sedentarismo: situação esta que de modo geral possui fácil diagnóstico e tratamento e que após a resolução leva o paciente a um novo patamar de saúde.
Além de identificar as barreiras e trata-las, o médico deverá também identificar facilitadores que deverão ser usados a favor do paciente. Por exemplo, se existe uma resistência muito grande do paciente em relação ao início da atividade física, mas identificamos que ele gosta de passear com o cachorro, podemos reforçar este hábito e acrescentar o uso de um acelerômetro (aparelho que conta o número de passos) construindo metas progressivas com o paciente.
Enfim, cabe ao médico identificar as barreiras e tratá-las, identificar facilitadores e reforça-los e traçar plano de tratamento com metas claras e realistas em parceria com o paciente, monitorando constantemente e garantindo a aderência.
Algumas dicas:
- faça a escolha certa: escolha gastar energia!!! Se pode subir de escadas, porque subir de elevador?
- se você tem medo de iniciar uma atividade física por questões clínicas, se sente dor ao fazer exercícios ou se tem histórico de lesões ao praticar atividade: não desista, procure seu médico!
- deixo como dica a exploração de um site sobre exercícios para idosos: www.nia.nih.gov/Go4Life.
Seja promotor do seu próprio envelhecimento saudável!!!!